segunda-feira, 16 de agosto de 2010

SECA FEIA



Deus me fez debaixo do sol

Nas veredas do Sertão

No estado de Pernambuco

Paraíba e Maranhão

Ceará e Alagoas

E os outros não lembro não.

Veja agora quem sou eu meu amigo Nordestino,

Sou a triste seca feia e secai meu destino.

Sai da frente, sou valente, eu te faço ficar fino

Já sequei pé de cagaita, de vaqueta e cansação

E até lagoa d’agua, Lagadiço, Caldeirão

Coqueiro, Imburana, Imburuçu e çãjoão.

Enquanto a chuva mata

Se relaxa lá no céu

Vou queimando o Nordeste

Cubrindo com meu véu

Resecano São Francisco

Com meu gogozão cruel

Resseco até os brejos

Transformando-os em poeira

Faço garça avoar e sumir da catinguera

Faço vaca emagrecer e dispencar na ladeira.

Mato cabra e ovelha pra vê corpos pelo chão

Todos cheios de urubu, de goró e formigão

E se duvidar de mim, mato toda criação

Quem tem muita fé em Deus pede

Chuva pra chover

Pre’u sumir da catinguera e pros bicho reviver

Pra plantar feijão na terra

Pra depois o recolher.

Mas se o cabra não tem Fé,

Sofre muito em minha mão

Por que eu sou miseravel,

Bicho ruim sem coração

Queimo a fauna e a flora

Sobre o solo do Sertão

E se a chuva não chover

Eu seco o Rio Gavião

Também seco o Solimões

E todos os rios do Sertão

Seco todos rios do mundo,

Sem esquecer do Jordão,

Onde o cristo batizou

Pra lhes dá a salvação.

Também seco o Mar Vermelho

Pra ver morrer tubarão

Isso é se Deus quiser

Que eu vô secano a pé

Só pra vê o sequidão.


Ananias Ribeiro Sousa - Aracatu-Ba

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